quarta-feira, setembro 24, 2008

Elias e seu insuperável óculos Armani de U$ 700,00.


1998. Passaram-se 10 anos, mas parece que foi ontem a primeira vez que vi Elias com seus óculos Armani de 700 doletas. Pra falar a verdade, o acessório não fazia nem um pouco meu estilo, mas dava pra ver que era algo caro realmente. E Elias fazia questão de exibir sua aquisição Made in Italy.

Era uma típica manhã de verão em Salvador, pleno dia de semana e a cidade transpirava férias. Transpirava era a palavra certa. Calor estúpido, praias lotadas, pouquíssima roupa e, na mesma proporção, pouquíssimo trabalho.

- Vamos para o Wet´n Wild? – sugeriu Pico a mim e a Elias, os três completamente ociosos, aguardando nada acontecer.

Ok, topamos. Cada um pegou sua mochila e nos encontramos na garagem do prédio. Quando meu carro já estava quase fora do portão, Elias deu um grito:

- Meus óculos! Deixei em casa, pára o carro!

Era o tal Armani de 700 dólares. Malditos óculos. Cinco minutos depois, entra de volta Elias no carro com um paninho especial - provavelmente Armani - limpando cuidadosamente as suas lentes. Até aí tudo bem, não fosse o jeito pra lá de pirracento de Elias.

No caminho para o parque aquático, paramos em uma sinaleira. Ao nosso lado parou um outro carro com três gatinhas dentro. Provavelmente estavam indo à praia ou, com alguma sorte, ao Wet´n Wild também. Comentei:

- Olha isso aqui...

Os outros dois tarados rapidamente se animaram, nem mais sinal da leseira dos 40º de calor. Alvoroço no carro. Opa, nos dois carros. Risos, sorrisos e olhares trocados.

- Vocês sabem por que elas estão dando esse mole, não é? – disse Elias – Porque viram meus óculos.

Viado. Eu tinha um Gol TSi preto na época, bancos Recaro, rodão, top de linha, e ele dizendo que as meninas tinham ficado empolgadas com os seus óculos. (Reparem que a gente achou que elas tinham gostado de tudo, menos de nós). Elias estava apenas iniciando a sua encheção de saco com seu Armani.

Chegamos ao parque. Lotado, mas muita menininha bonita de biquíni. Fomos andando. Andando e olhando.

- Vamos fazer assim: deixa eu ir um pouco na frente, vocês vêm logo atrás. Desse jeito eu vou chamando a atenção das meninas com meus óculos e vocês pegam o que sobrar... – disse o debochado Elias.

E continuou durante o resto do dia:

- Vem cá, vocês não estão com os olhos irritados? Esses óculos de vocês de 10 reais acabam com a retina, viu? Claro que não são anti-raios UVA e UVB como o meu Armani... mas se bem que eu tenho olhos azuis e vocês não têm.

Se não fôssemos tão amigos, acho que eu e Pico já tínhamos afogado Elias na piscina. Depois de muita chateação do nosso agradável companheiro, voltamos para casa. No caminho, em plena Avenida Paralela, por conta de um pigarro que o acompanhava por toda a vida, Elias pôs-se a cuspir através da janela do carro. Colocava a cabeça inteira para fora da janela e cuspia. Em uma das vezes, ainda com o corpo dependurado, ele começou a bater na lataria do carro e a gritar freneticamente. Só depois de um tempo, por conta do vento, pudemos entender o que ele urrava:

- Pára!!! Pára!!! Pára!!!

Com muito traquejo, consegui parar o carro na avenida mais veloz da cidade. Mal encostamos e Elias saiu correndo pela calçada que nem um louco, em sentido contrário ao que vínhamos. Se aquela fosse uma prova de 100 metros rasos, ele certamente ganharia. Elias se afastou tanto que tivemos que dar a volta para buscá-lo. O encontramos sentado na calçada, olhar desolado. Segurava um pequeno pedaço de ferro na mão, parecia um arame. Demoramos a entender do que se tratava: aquilo era o que havia restado de seu Armani depois de ter caído na pista durante uma das cusparadas. Um ônibus tinha passado por cima. Elias, com o queixo trêmulo e lágrimas nos olhos, suplicou:

- Não riam... por favor, não riam...

Antes daquele fatídico dia, nem eu, nem Pico, havíamos rido tão alto e com tanto gosto quanto rimos durante aquele belíssimo fim de tarde do verão da Bahia.

16 comentários:

Lilian Devlin disse...

Gente, ô dó do Elias...Tava se achando e se de mal prá caramba... Mas cá entre nós, merecido, porque que coisinha mais nojenta ficar cuspindo na rua!! aff!! rsrs
E aposto que demorou a ter coragem para comprar outros óculos , né?
Bjs e um lindo dia procê Pedro!

DAVID FRANCO disse...

Apesar de td, fiquei com pena do Elias.

Abraços

Anónimo disse...

Óculos buniiiiiiito... eu SEMPRE quis ter uns óculos assim. Porraéessa Pedro, deu uma de Zeca Pimenteira mesmo, né? rsss. Abraços, Vini.

Anónimo disse...

Nao riam! Nao riam !uhahahuahuhua

melhor parte!

abraço!

Anónimo disse...

Tem certeza que o nome dessa pessoa é Elias???
bj Flávia Noya

Luciana disse...

hahahahahahaha
Eh Elias sim Noya, nao contrarie o mininu.

Como diz Denilson, "Show, show do lagartixa!"

Anónimo disse...

E como se não bastasse a sua maldade e a do Pico de rir do menino desolado sentado na calçada sem os seus óculos de 700 Dólares Armani... você vem aqui depois de 10 anos e conta pra todo o resto da Bahia, e alguns poucos fora da Bahia rirem tb né?!?! hahahahahaha
Adorei!!!
Beijao Peu!

Unknown disse...

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Que história hilariante!!! Adorei o final! Ô moleque besta esse Elias!

Paula disse...

Ah, na boa, mereceu o Elias. Pôxa, cuspir? Nossa, um horror isso! Eu já fui ao Wet in wild aí de Salvador! Aliás, ano passado em setembro eu estava aí, trabalhando!

Obrigada pela visita e pelos elogios. Acho que aqui muito legal também!

Beijão

Dani disse...

minha mãe tá chorando de rir...

Unknown disse...

Amei,amei e amei. Bjs

Dedinhos Nervosos disse...

Ninguém merece uma pessoa que tem um óculos tão caro ficar cuspindo pelas ruas! rsrs

Anónimo disse...

Quem é Elias???

Pedro disse...

Lilian: pior do que cuspir é encher o saco dos amigos de forma intermitente. E pior ainda é comprar o mesmo óculos de U$700,00 logo depois que o dele virou pastel.

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David: não tenha pena de Elias não. Se você soubesse a vida que Elias leva...

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Vini: não fui eu que sequei não. Foi Pico, aquele invejoso.

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Rueda: se estivesse no carro, do jeito que você é, seria o que mais ia dar risada. Seu debochado.

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Noya e Lu: tenho certeza que o nome dele não é Elias.

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Ju: depois de tanta gozação de Elias com a gente, o mínimo que eu podia fazer era espalhar essa história. Bjo Ju.

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Dê: Elias tá querendo mover uma ação na justiça contra o blog por causa desse post. Você podia ser minha advogada nesse caso.

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Paula: coitado de Elias, ele sofre de pigarro... que bom que gostou do blog. bjo!

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Dani: deixa ela chorar não...

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Cláudia: que bom que gostou! Pior é que agora quando você não diz nada eu fico achando que o post é ruim.

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Dedinhos: é pigarro, é pigarro, coitado...

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Mari: se eu te contasse, teria que te matar depois e eu não gosto de comida de cadeia. Mas que você conhece, conhece...

Unknown disse...

Cara, honestamente acho qeu o Elias deu muito mole, tenhoum Armani tb, um modelo comprado por mim nos EUA em 1997, um modelo que sequer chegou a ser vendido aqui no brasil.... e seria muito doloroso pra mim perder meu armani da forma que aconteceu com o Elias, mas nao tem nada nao, se o Elias me der 700 dolares, vendo meu Armani pra ele.

Mariana Machado disse...

Pedro, você precisa publicar mais textos!!! Seus exageros e sarcasmo arrancam gargalhadas! Suas histórias merecem virar um livro de crônicas!