segunda-feira, setembro 08, 2008

Duda Mendonça, eu e, infelizmente, Jane.


Eu tenho um ídolo na propaganda: Duda Mendonça. Penso que ninguém consegue criar comerciais que consigam emocionar tanto quanto ele. A campanha de Lula 2002 foi uma prova disso. Afinal, quem não “se sentiu um pouco PT”?

O fato é que, um pouco antes da campanha de 2002, eu aguardava ansiosamente o lançamento do livro de Duda, Casos & Coisas. Foi quando soube que a Rádio Metrópole iria entrevistá-lo e quem telefonasse para lá e respondesse corretamente uma pergunta relacionada a propaganda ganharia, em primeira mão, seu livro autografado.

A entrevista estava marcada para meio dia, meio dia e poucos minutos. Meio dia em ponto eu saí correndo da Propeg, a agência que eu trabalhava na época. Liguei o som do carro, sintonizei na Metrópole e fui tentando telefonar do celular repetidas vezes para a rádio. Ocupado. Fui da ladeira da Barra até minha casa tentando. Ocupado.

Cheguei em casa, estacionei o carro do jeito que deu, não esperei o elevador e subi correndo pelas escadas. Passei como uma flecha pela cozinha, só deu tempo de ouvir Jane, a empregada, dizendo que já ia colocar o almoço na mesa. Nem respondi, peguei o telefone sem fio e me tranquei no quarto. Ligando do celular e do fixo ao mesmo tempo dobravam-se as minhas chances de conseguir falar com Duda e ganhar o livro.

Redial, redial, redial. Depois de muitas tentativas, consegui através do fixo.

- Senhor, por favor aguarde na linha que o senhor é o próximo a entrar no ar. – disse a moça da rádio.

Jane trabalhava lá em casa há uns 2 anos. Mas quem via a forma com que ela me tratava, sempre achava que ela tinha me visto nascer. Era do tipo mãezona: - menino, você não está comendo direito... menino, essa roupa está amarrotada, me dê que eu vou passar...

Mas, às vezes, Jane se passava. Enquanto eu, concentrado, esperava a minha hora de ir ao ar, pensando em coisas inteligentes para falar com Duda, Jane começou a bater na porta do meu quarto de 2 em 2 minutos:

- Pedro, o almoço tá na mesa!

- Já vou Jane!! – eu respondia cada vez mais impaciente.

Continuei com o telefone no ouvido. A mulher da rádio fez de novo contato comigo:

- Senhor, vamos colocar no ar os comerciais e o senhor entra assim que eles terminarem.

Aproveitei, destranquei a porta, fui até a cozinha e bradei com Jane:

- Jane, pare de bater em minha porta, eu sei que o almoço está na mesa, já estou indo.

- Vai esfriar... – Jane deu de ombros.

Voltei para o quarto, tranquei a porta e retomei o meu raciocínio. O que eu ia dizer quando falasse com Duda? Todo mundo fica meio babaca quando vai falar com alguém que admira. Principalmente se é alguém muito inteligente. Pelo menos já tinha dado um jeito na inconveniente da Jane. Opa, de novo a mulher:

- Senhor? Mário Kértsz (o apresentador do programa) vai chamar o seu nome agora.

Eis que acontece o seguinte diálogo no programa de maior audiência da Bahia:

- Pedro Valente na linha 6. Boa tarde, Pedro! Duda está ouvindo, pode falar. – disse Mário.

Com toda reverência, comecei:

- Boa tarde Duda. Queria dizer que te admiro muito como criativo. Ninguém consegue tocar tanto o coração das pessoas através da propaganda quanto você. Quero desejar também muita sorte na campanha deste ano e blá, blá, blá...

Ainda não tinha terminado a puxa-saquice quando ouvi um barulho de alguém pegando na extensão:

- Ó, já disse que o almoço tá na mesa! Sua mãe tá esperando... venha logo almoçar, menino! – disse Jane, gritando ao vivo na rádio para Duda e todo o estado.

Incrédulo, eu dizia rangendo os dentes:

- Desliga! Desliga!

Mário Kértzs:

- Entrou linha cruzada na 6!

- ... venha logo que já são quase 1 hora da tarde! – desligou Jane.

Eu não sabia mais o que falar. Tive vontade de desligar o telefone. A mais genuína vontade de sumir. Então Duda falou:

- Pedro, obrigado! Me diga o nome de 3 grandes agências de Salvador que o livro é seu.

- Idéia 3, Propeg e Publivendas. – falei atropelando, vomitando palavras, louco para acabar com aquilo.

- Ok, ganhou o livro! – disse Duda fazendo uma pequena pausa e continuando logo em seguida – Mas olha Pedro... é melhor você ir almoçar, a comida já deve estar fria.

Desliguei o telefone e fui andando em direção a cozinha com um claro objetivo: cometer um assassinato. Mas meu celular tocou, voltei para atender. Aquela foi a primeira de uma centena de ligações que recebi ao longo do dia de amigos publicitários perguntando se eu já tinha ido almoçar e se o almoço estava frio.

11 comentários:

Luciana disse...

Rsrsrsrsrs

Essa ate meu pai ouviu! O Blog ta massa Peu, demorou mas saiu ne?

Obrigada pelo comentario!

Beijao!

Anónimo disse...

ducario fio!!! Agora deixa eu ir pq são 12h e o almoço está na mesa.
Abc / Bruno Agra

Raphael Pereira disse...

Essa é das melhores...hahaha
Mas acho que ta faltando algumas histórias, como por exemplo, uma na ilha, no reveillon...rs
Abraço,
Raphael Pereira

Fábio disse...

Rapaz, suas histórias parecem estórias!
Morro de rir aqui em frente ao computador!

Dedinhos Nervosos disse...

ahhahahahahhaahahah
Adorei essa Jane, mas ainda bem que ela não é minha empregada.
Mas me conta, o almoço tinha esfriado? ;o)

Vivz disse...

Suas histórias são de rachar o bico. Morro de rir!

Oraculo disse...

Adorei suas historias, realmente estou chorando de tanto rir....

Me diz uma coisa, a Jane ainda trabalha pra voce?!? Espero que sim, ela merecia estabilidade por ter feito isso, foi muito engraçado...

Abraços e parabens pelo blog.

Anónimo disse...

Muito bom o blog! Já linkei!
Parabéns!

Anónimo disse...

bora bunitao! vamo escrever ai!

aahhahahua

Anónimo disse...

Morenoo!

Essa é realmente uma das melhores!! Seu Blog tá o máximo, e apesar de já ter escutado algumas dessas histórias antes continuo morrendo de rir!!
Bjão
Ximena!

Unknown disse...

Cara, essa é nova pra mim, to rindo até agora... sacanagem vc ter sonegado essa história de mim até o hoje. Acho que vou cortar relações, pelo menos até servirem o almoço.