quinta-feira, setembro 18, 2008

A bomba dentro do elevador.

Antes que você me ache um louco, vou tentar dar uma explicação freudiana – a única que encontrei, inclusive - para o meu fascínio por este assunto. Talvez, por ser um cara meio introspectivo com certa dificuldade para explodir, me realizo explodindo outras coisas.

Soltar fogos de artifício sempre foi um grande hobby meu. Bombas, rojões, vulcões, adrianinos, girândolas, espadas, enfim, tudo o que contém pólvora e pode causar queimaduras graves. Por conta dessa paixão, já consegui fazer algo que hoje seria inimaginável: quando fui à Disney com 12 anos de idade, embarquei no avião com 10 bombas de mil dentro da mala. Nos dias atuais, no mínimo, eu seria preso como um membro-mirim da Al-Qaeda. Outra prova deste amor pela pirotecnia foi quando eu ganhei meu primeiro salário de estagiário. Recebi o contra-cheque às vésperas do São João, peguei os pioneiros 300 contos que ganhei com meu suor e investi tudo em fogos. Quase perco a namorada da época. Mas olhe como é a vida: logo depois o namoro morreu de causas naturais e, se eu tivesse ouvido seus lamentos, perderia a inédita oportunidade de chegar numa fazenda com 2 malas recheadas de bombas e afins. Sensação inexplicável.

Bom, lá pelos meus 12 anos, em plenas férias, cansado de jogar vídeo-game, assistir Sessão da Tarde e comer Bono de chocolate, tive uma das idéias mais brilhantes de minha vida. Havia uma sobra de bombas de mil que restaram do último São João. Pra quem não conhece, este explosivo carinhosamente apelidado de “arranca-mão” é uma mini-dinamite que tem a venda proibida nas feiras de fogos.

Fiz o seguinte: retirei cuidadosamente toda a pólvora de dentro da bomba e então recoloquei o pavio. Sem pólvora, sem explosão. Depois, peguei uma caixa de fósforos e fui até o apartamento de Juninho, um amigo do mesmo prédio. Chegando lá, nem o cumprimentei, apenas mostrei o artefato. Seus olhos brilharam. Ele havia mordido a isca.

- E então, vamos soltar? – perguntei em tom desafiador.

- Vou pegar minha sandália – disse Juninho e logo disparou em direção à porta.

Esperando o elevador, a ansiedade adolescente de meu grande amigo aflorava. Falava do estrago que uma bomba daquelas causava, que um dia conheceu um cara que havia perdido a mão acendendo uma, de outro que tinha ficado surdo por conta da explosão, de uma lata de leite Ninho que havia entrado em órbita ao ser colocada em cima da bomba e outras fantasias que a fertilidade de nossas mentes permitia. O elevador chegou, entramos.

Assim que a porta se fechou, comecei a passar levemente o pavio da bomba na esteira da caixa de fósforos. Juninho olhou pra mim incrédulo. Fazendo um gesto como se fosse me segurar, falou:

- Você tá louco? Quer explodir o elevador?

- Calma, não vai acender não... – respondi com muita serenidade.

Continuei arrastando o pavio contra a esteira da caixa e Juninho deu um grito:

- Pare! Você vai matar a gente!

Então, o pavio acendeu. Usei meus dons que a Globo ainda não descobriu, fiz uma cara de pânico e joguei a bomba no chão do elevador que devia ter menos de 1 x 1 metro. Juninho, num rompante de desespero, tentou escalar a parede. Ao perceber que seria impossível, espremeu-se numa quina, fechou os olhos com força, comprimiu os ouvidos com as mãos, parecia querer atravessar a parede. Curiosamente, talvez por instinto, ele colocou um dos pés sobre a bomba, como se quisesse proteger o resto do corpo. Obviamente, hoje, Juninho estaria perneta.

O elevador descia e Juninho se contorcia mais e mais. Tremia, apoiado em um pé só. Aguardava apenas a devastadora explosão. Após um tempo, o pavio foi completamente consumido, o elevador já tinha chegado no playground, mas Juninho não saía de seu posto. Perdera totalmente a noção de tempo. À essa altura, eu convulsionava de tanto rir. De repente, ele abriu um dos olhos e ficou olhando fixamente para a bomba no chão. Aguardou ainda mais uns 10 segundos sem parar de fitá-la. Quando notou que não havia mais perigo, olhou pra mim com olhos esbugalhados e falou:

- Puta que pariu! Hoje é nosso dia de sorte... deu chabu!

11 comentários:

Luciana disse...

hahahahahhahahahhahahahahahha

Achei que vc ia contar quando vcs fizeram com Fernandao tb! Ou eu to confundindo?

Lembrei da historia do espirito no computador, escreve essa tb!

Beijao

P.s. nao posso ler seu blog no laboratorio, nao consigo rir baixinho.

Pedro Valente disse...

lu lembrou bem... luciferrrrrrrrrrrr euheuheuheuheueh essa historia da bomba merecia um segundo, terceiro, quarto epsodio....

Anónimo disse...

Você já foi mais bonzinho... ou era ilusão minha?!?! rsrs

Anónimo disse...

CARALHO!

Q FDP!

AHUAHUUAHHUAhuAhUAhuAhuAhuAaUH!

PQP! DO CARALHO!

AJJAJIAAHUAHUAHUHUAHUA!

Unknown disse...

Morenooo
Bem a sua cara essa brincadeira!!!kkkkkkkkkkkkkkk

Bjo
Ximens

Dani disse...

lendo o comentário de Ximena lembrei do dia do terraço... dava uma boa história!!!

Mariana Magalhães disse...

E a do sequestro de Ró pelos meninos encapuzados q a levaram pelas escadas do prédio?! haha

Beijão "meu tio"!!

Lilian Devlin disse...

Ri demais!!!Imaginar a cena foi ótimo!
Mas eu tenho um medão enorme desses artefatos. O máximo que eu cheguei perto de alguma coisa que explode, é daqueles estalinhos,que a gente ou pisa ou joga e faz barulhinho,sabe qual?
E a minha "arte" com eles nem chegou perto da sua. Só fiz espalhar pelo chão do ônibus escolar, no caminho que umazinha fazia até a sua cadeira, só para vê-la chegar até lá aos pulos!Nem se compara com a sua cena, mas que foi hilário, ah, isso foi! Ela era MUITO chata e vê-la pulando foi o máximo!
Bjs procê!

Dedinhos Nervosos disse...

hahahaahha
Bem que eu sempre ouvi que todo Pedro é uma peste!

Anónimo disse...

Man q porraaa é esse seu blog ta muito massaaaaa bixo to chorando aqui de tanto rir!!!!!!
uhauahauhauhauhauhauhauhauhauhauha

abração velho

Fábio disse...

Pimenta nos olhos do outro é refresco...