sexta-feira, agosto 21, 2009

Viagem ao Chile – capítulo I: a primeira diarréia da história que deixou alguém nas nuvens.

Recentemente, passei uma semana fantástica no Chile. Fui com meu irmão, Nadja, a mulher dele, e meus sobrinhos. Nosso destino na terra de Pinochet era Portillo, um lugar inóspito com um hotel-estação de esqui no meio dos Andes. Uma semana de muita neve, diversão em família e algumas histórias interessantes.

Bom, ainda em solo baiano e em tempos de amendoins e barrinhas de cereais a bordo, resolvemos almoçar no aeroporto antes do embarque para São Paulo. No meio daquela confusão de “eu quero Bob´s”, “eu quero Subway” e sucessivas olhadas no relógio, sentamos todos para comer. Diante de um cheeseburger duplo brilhando de gordura e batatas fritas suando óleo saturado, lembrei de uma fatídica história que vivi dentro de um avião e resolvi compartilhá-la com os presentes:

- Já contei pra vocês o perrengue que eu passei uma vez com dor de barriga no avião?

Disseram que não e eu continuei. Como vocês também não devem ter ouvido, contarei aqui. Qualquer semelhança com o texto apócrifo de Luis Fernando Veríssimo é mera coincidência.

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Bom, a história é mais ou menos assim: eu estava indo para São Paulo. O vôo era umas 19 horas e eu estava completamente atrasado, preso no trânsito caótico da Avenida Paralela. A certeza de que iria perder o avião resultou numa certa descarga de adrenalina. E creio que foi ela que acabou provocando o piriri.

Quando eu cheguei na fila do check-in, começou, digamos assim, o desconforto intestinal. Mas eu estava atrasado demais, preocupado em perder o avião e acabei subestimando aquele que parecia ser um parto prematuro. Respirei fundo e tratei de despachar minha bagagem, ainda que a vontade fosse de despachar outra coisa. A mulher do guichê me deu um conselho: “corra”. Eu não sabia se ria ou pedia a ela uma fralda.

Corri. Se bem que não sei se posso chamar aquilo de corrida. Passos rápidos e curtos, pernas juntas, o corpo todo contraído. Quem viu aquela cena e o meu semblante de extrema concentração, no mínimo deve ter achado que eu era um ex-paralítico dando seus primeiros passos. Nunca havia percebido como o corredor que leva aos portões de embarque do nosso aeroporto era tão longo.

Quando eu achei que não ia conseguir segurar o tranco e sem a perspectiva de um banheiro próximo - ainda que ele me custasse o embarque -, eis que o milagre do intervalo entre as contrações aliviou meu calvário. Essa trégua que as tripas em guerra costumam dar é, sem dúvida, coisa de Deus. É como se Ele dissesse: “Filho Meu, eis alguns sagrados segundos para que procurai a dignidade de um vaso sanitário”. Pude descolar as pernas uma da outra e corri sem medo. Em pé, a aeromoça me aguardava para fechar a porta do avião. Ao entrar na aeronave, os outros passageiros, já sentados e de cintos afivelados, me fuzilavam com os olhos. Pensei que podia ser pior: eu podia ter enfrentado essa situação com a cueca condenada.

Mal sentei na cadeira e o avião começou a taxiar na pista. Eu me sentia bem, sabia que logo após a decolagem poderia ir ao banheiro e voltaria a ser outra vez um homem feliz. Ainda me regozijava deste pensamento quando uma terrível pontada na barriga interrompeu a paz. A coisa foi tão violenta que dei graças a Deus por ainda não ter colocado o cinto. Levantei e saí como um louco pelo corredor em direção ao banheiro. Segurando a máscara de oxigênio, a aeromoça interrompeu as instruções de segurança e disse:

- Senhor, por favor, volte para o seu lugar!

Driblei ela e respondi sem olhar para trás:

- Não dá.

Tranquei a porta. Agora era eu, o cubículo e aquele vaso sanitário estranho. O avião continuava a andar lentamente. Imaginei: “ainda tem pista. Eu já estou quase me vendo livre de todo o mal que me aflige e poderei voltar pro meu lugar antes de decolarmos”. Tal qual um rei no seu trono, ouvi o piloto no alto-falante:

- Tripulação: portas em automático.

“Ok, comandante. Eu não estava pensando em fugir do avião mesmo. Vai dar tempo, vai dar. Ê pista longa da peste...”, comemorei. Quando imaginei que a torneira havia fechado, um calafrio anunciou: a dor de barriga não tinha chegado ao fim. Relaxei e deixei a natureza agir. Até diarréia obedece seu ciclo, há de se respeitar.

- Tripulação: preparar para a decolagem. – o piloto me provou que a pista não era tão longa quanto eu pensava.

O barulho do motor foi aumentando e o avião começou a ganhar velocidade. A fuselagem chacoalhava toda. As luzes do banheiro piscavam, um monte de barulhos estranhos não ligados ao meu evento fisiológico tomavam conta do minúsculo ambiente. Me segurei nas paredes, a tampa do vaso chicoteava minhas costas. E, pra piorar a situação, eu não conseguia terminar o trabalho.

Foi então que vivi uma sensação inusitada: o avião decolou comigo em pleno ato. O vaso inclinou pro lado, eu inclinei junto, precisei de mais força contra a parede para conseguir me manter sentado. Me perguntei se eu havia feito algo de errado naqueles tempos - aquilo só podia ser castigo. Descobri que a parte mais frágil de uma aeronave é o banheiro e que a gente deve sempre respeitar quando as luzes de afivelar os cintos estiverem acesas.

Como o balanço só aumentava, cheguei a cogitar a hipótese do avião estar com algum problema. Realmente, só faltava aquele negócio cair comigo no banheiro. Imaginei a grande interrogação que os peritos teriam pela frente ao encontrar o corpo de um passageiro com a calça arriada. Alguém lançaria uma piada de mau gosto: “esse quando viu que ia morrer se cagou todo”.

O fax foi passado. A inclinação do vaso diminuiu. A turbulência melhorou. O avião não caiu. Não sei por que, mas, ao fim do processo, senti uma ponta de orgulho de mim mesmo. Talvez eu tenha sido um pioneiro. Jamais ouvi falar de alguém que tenha feito isso antes. Abandonei aquele casulo e voltei triunfante ao meu assento. O avião ainda estava em processo de subida e era como se eu estivesse descendo uma ladeira no corredor. Tomei outra bronca da aeromoça que fez questão de mostrar o aviso de cintos afivelados aceso. Sugeri a ela que a companhia instalasse cintos de segurança nos vasos ou então, junto com os saquinhos de vômito, distribuíssem também penicos descartáveis.

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História contada e diante de tantas lembranças sobre coisas que eu não gostaria de passar novamente, não tive coragem de terminar o sanduíche do Bob´s, muito menos a batata frita preparada com o óleo que presumo estar sendo usado desde que o 14 Bis inaugurou a navegação nos céus.

Nosso vôo foi anunciado pelo alto-falante e partimos para o embarque. O avião estava lotado, não havia um assento vago sequer. Acomodamos as bagagens de mão e sentamos. Algum tempo depois, vimos a aeromoça olhando para um lugar vazio logo na frente da aeronave. Ela perguntou em voz alta:

- Tem alguém aqui?

Bia, minha sobrinha, levantou da cadeira e gritou:

- Meu pai!

Um homem que estava no assento ao lado do de meu irmão falou:

- Eu o vi andando em direção à porta do avião falando no celular. Acho que ele saiu.

Bia gritou assustada para a aeromoça:

- Meu pai tá lá fora!

Quando a aeromoça foi andando em direção ao finger, eis que Dudu abre a porta do banheiro e surge diante de todos que, àquela altura, acompanhavam apreensivos o desfecho da história do cara que teria saído do avião para falar no celular. Todos os olhares se voltaram então para meu irmão, sem graça, saindo de dentro do reservado. Para quebrar aquele clima tenso, puxei uma sonora salva de palmas. Meus sobrinhos me acompanharam e alguns gaiatos também.

Completamente ruborizado, ele tratou de sentar rápido no seu assento. Desembarcando em São Paulo, ele virou pra mim e revelou:

- Acho que aquela sua história mexeu com meu intestino...

* O objetivo era escrever as melhores histórias da viagem em apenas um post. Porém, acho que não sou um sujeito dos mais objetivos. Portanto, dividirei os casos em capítulos. Nos vemos no próximo.

domingo, agosto 02, 2009

Good luck, Mr Gorsky.

Sinceramente, não acredito que o homem pisou na lua. Não, não é absurda essa minha conclusão. Não sou – com o perdão do trocadilho – um lunático. Pense comigo. Em plena guerra fria, duas potências lutavam para ver quem é que mandava no mundo: União Soviética e Estados Unidos. Detentores de uma quantidade de armas nucleares acima do razoável, eles simplesmente não podiam se enfrentar belicamente senão o mundo acabava. Então, os dois países disputavam a supremacia mundial no esporte, nas artes e, sobretudo, na ciência.

A corrida espacial tornou-se obsessão destes arquiinimigos. Primeiro, trabalharam duro pra ver quem colocava o primeiro satélite artificial na órbita da Terra. Ponto para os soviéticos que lançaram o Sputnik. O próximo desafio era ver quem colocava o primeiro animal de estrutura complexa no espaço. 2 x 0 para os soviéticos que fizeram Laika entrar para a história, ainda que a pobre cadela só tenha ganhado a passagem de ida. Na ordem da mega-gincana que esses caras resolveram disputar, o passo seguinte era colocar o primeiro homem no espaço. Adivinha quem ganhou? Os soviéticos fizeram Yuri Gagarin dar um giro completo em torno de nosso planeta e ainda voltar pra contar que “a Terra é azul”.

Os americanos não paravam de levar chumbo dos soviéticos. Os tais comunistas estavam tomando conta do espaço e deixando os yankees lá embaixo. Literalmente. Então, os caras que hoje vivem correndo atrás dos terroristas, tinham que correr atrás do prejuízo. Precisavam de um feito espetacular, algo realmente fabuloso que pusesse fim à disputa e que derrotasse de vez a União Soviética. Sobrou pra lua.

Agora, diz uma coisa: você acredita mesmo que em 1969, há exatos 40 anos, quando os computadores ainda eram pré-históricos, o homem foi capaz de chegar na lua, fazer um complexo pouso em sua superfície, andar em sono lunar, fincar bandeira e depois ainda conseguir decolar de lá e voltar são e salvo pra Terra? Fala sério, claro que isso não aconteceu! Outro dia li que qualquer calculadora dessas que o povo vende em sinaleira é duas vezes mais potente que o computador de bordo da Apolo 11.

Fraude. Foi tudo uma fraude que os espertinhos dos americanos habilmente montaram para se safar dessa dispendiosa disputa que estava quase comprometendo a economia do país e mesmo assim não conseguiam arrancar uma vitória sequer dos russos. Cadê essa tal bandeira que os caras largaram lá? Ninguém nunca viu.

Enfim. Existe uma teoria (www.afraudedoseculo.com.br) que afirma que a Apollo 11 apenas deu algumas voltas em torno da Terra para enganar a galera e depois entrou de novo na atmosfera. Todo o resto foi produzido em estúdios de cinema e dirigido por ninguém menos que Stanley Kubrick. Esse foi o último capítulo da corrida espacial e consolidou os Estados Unidos como grande potência científica mundial, lugar que ocupa até hoje. A armação do Presidente Nixon faz todo o sentido quando ela é vista como meio para alcançar uma vitória definitiva do capitalismo contra o comunismo.

Mas, não escrevi esse post para entrar no mérito se, além de imperialistas, invasores de países alheios, aculturados e ladrões de petróleo, os americanos também seriam mentirosos. Quero contar para vocês a história do grande mistério em torno de uma frase que Armstrong, o suposto primeiro homem a pisar na lua, teria dito. Por causa dos 40 anos desta conquista, esse caso anda rondando meu e-mail direto. Eu já tinha ouvido ele numa rodinha de cachaça e me arrepiei quando contaram.

Vamos lá. Reza a lenda que em 20 de junho de 1969, às 20:17 horário mundial, após tocar os pés no solo lunar e escrever seu nome na história com a célebre frase “um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”, logo na sequência, Neil Armstrong teria proferido uma outra frase, bastante enigmática, que não estava no script e que não fazia sentido algum para a base de Houston, muito menos para os milhões de telespectadores que assistiam ao vivo o grande feito:

- [chiado de rádio] ... good luck, Mr Gorsky. (boa sorte, senhor Gorsky)

Ao retornarem à Terra, durante a coletiva de imprensa, perguntaram a Armstrong o que ele queria dizer com a misteriosa colocação. O astronauta respondeu com um silencioso sorriso. Logo de início, especulou-se que se tratava de um recado irônico, uma espécie de provocação a algum cosmonauta soviético. Mas, após checarem, verificaram que nunca houve um Gorsky no programa espacial russo. Ao longo de décadas, essa pergunta era sempre recorrente durante as entrevistas a Armstrong. Ele sempre sorria, mas nunca respondia.

Até que em 5 de junho de 1995, ao final de uma conferência da qual participava em Tampa, na Flórida, Armstrong foi mais uma vez indagado sobre a fatídica frase por um jornalista. Dessa vez, finalmente, o desbravador da lua aceitou responder:

- Aos 10 anos de idade, numa certa manhã de verão na minha cidade natal, eu estava jogando baseball com alguns amigos quando a bola caiu no quintal do vizinho. Era a casa do senhor e da senhora Gorsky. Ao pular a cerca que dava acesso ao jardim do casal, pude ouvir a senhora Gorsky falando alto: “não! De jeito nenhum! Não!”. Levado pelo espírito curioso que costumam ter as crianças, aproximei o ouvido da janela e ouvi o senhor Gorsky insistir: “por favor, amor. Só dessa vez”. A senhora Gorsky continuava irredutível: “nem pensar. Eu não vou fazer e pronto!”. O senhor Gorsky era um homem persistente e não se dava por vencido: “meu benzinho, eu nunca te peço nada...”. Foi quando a senhora Gorsky setenciou: “Bill, quer saber quando eu vou fazer sexo anal com você? No dia em que o filho do vizinho caminhar na lua”.

Moral da história: tem vizinho que nasceu pra ferrar com a vida da gente.